Com os resíduos das obras poderiam ser construídos sete mil prédios e criados 150 mil empregos por ano
15/11/2016
Na construção civil, o mercado de reaproveitamento de concreto, cerâmica, areia e madeira nas obras tem potencial para gerar 150 mil empregos diretos por ano e erguer prédios, casas e estradas com impacto ambiental reduzido. Atentas ao potencial do segmento, há construtoras que adotam programas de redução de resíduos e, com isso, economizam recursos e seguem padrões de sustentabilidade.
De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção e Demolição (Abrecon), o Brasil produz cerca de 84 milhões de metros cúbicos de resíduos de construção civil e demolição por ano. Um montante que, se fosse totalmente reciclado, seria o suficiente para construir sete mil prédios de dez andares, 168 mil quilômetros de estradas ou 3,7 milhões de casas populares.
E gerar milhares de empregos. “Para cada três a seis mil metros cúbicos de entulho reciclado, temos aproximadamente sete empregos diretos. Se o material descartado fosse aproveitado de forma correta, haveria muito mais postos de trabalho”, estima Levi Torres, coordenador da Abrecon. Baseado no volume de resíduo anual, cerca de 150 mil postos de trabalho seriam gerados pelo mercado de beneficiamento de resíduos de construção civil, de acordo com Torres.
Depois de beneficiado, o entulho produzido nas construções civis se transforma em um agregado de materiais que pode ser usado em pavimentação de ruas, sarjetas e fundações de obras. Para Torres, o poder público tem papel fundamental no desenvolvimento do mercado de reciclagem de resíduos de construção civil. “Além de consumir mais agregados de reciclagem em vias e obras públicas, as leis e a fiscalização têm que ser mais rigorosas em relação ao processo de geração e descarte de resíduo.”
Uma das iniciativas públicas existentes é a criação de uma gestão integrada de resíduos no estado de São Paulo, o Sigor (Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos). O sistema é feito em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e permite aos municípios que aderirem ao programa monitorar a gestão dos resíduos de construção civil pelas empresas responsáveis, desde a geração até a destinação final, incluindo o transporte.
Lançado em 2015, o Sigor está sendo testado em São José do Rio Preto, Sorocaba e Catanduva, segundo João Luiz Potenza, responsável pelo Sigor e gerente de políticas públicas de resíduos sólidos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Santos, Ribeirão Preto e Santo André também participam do sistema, porém em estágio inicial.
“Quando o SIGOR estiver funcionando plenamente, vai dar mais racionalidade à atividade econômica. Os dados podem servir para mapear os resíduos e destinar os recursos do estado ou de empresas para explorar o potencial econômico”, afirma Potenza. “Onde se descarta gesso, por exemplo, as empresas podem montar usinas de beneficiamento. Com o sistema, consigo indicar áreas onde há mais materiais para reciclagem”, acrescenta.
No setor privado, a política de eliminar o desperdício está sendo bem sucedida em algumas construtoras. Em Goiânia, a Pontal Engenharia modificou processos e diminuiu drasticamente a geração de resíduos. Em quatro obras, a Pontal economizou 1,2 milhão de reais com o reaproveitamento de resíduos.
“Nossa média de resíduos por obra é de 45 quilos por metro cúbico. Isso representa a metade do padrão adotado por prédios sustentáveis”, compara Wesley de Andrade Galvão, engenheiro civil e gestor de obra e qualidade da Pontal Engenharia. Em 2015, a Pontal Engenharia recebeu o Prêmio Eco pelo projeto de produção limpa com resíduo zero.
A meta de resíduo zero nas obras da Pontal continua sendo perseguida, afirma Galvão. “Atingir o resíduo zero significa produzir até 11 quilos de entulho por obra. Para isso, trabalhamos continuamente na melhoria de processos.”
A mineira Precon Engenharia adotou um modelo de negócio que reduziu em 85% a produção de resíduos. Trabalhando com estruturas de concreto pré-fabricadas, elas são levadas ao canteiro de obras e montadas em forma de edifício. A meta é baixar a produção de entulho para 90%, segundo Marcelo Miranda, CEO da Precon.
O sucesso da iniciativa motivou a Precon a expandir o modelo pelo Brasil. “Projetamos um crescimento perto de 50% este ano, e estudamos parcerias para levar a solução a outras praças”, explica Miranda. Pelo sistema de construção sustentável, a Precon venceu o Prêmio ECO entre 2014 e 2012.
Para Lilian Sarrouf, coordenadora do Sinduscon-SP, o reaproveitamento de entulho é uma das formas de explorar o mercado de construções sustentáveis. “É um sistema de construção menos agressivo ao meio ambiente e que pode aproveitar materiais diversos, como tintas e plásticos”, comenta Lilian.
No futuro, a especialista avalia que a produção de materiais que emitem mais gases de efeito estufa na produção será mais cara, em função do aumento de impostos. “Atuar no segmento é uma forma de se capacitar para um mercado que vai exigir menos emissão de carbono nos processos de produção.”
De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção e Demolição (Abrecon), o Brasil produz cerca de 84 milhões de metros cúbicos de resíduos de construção civil e demolição por ano. Um montante que, se fosse totalmente reciclado, seria o suficiente para construir sete mil prédios de dez andares, 168 mil quilômetros de estradas ou 3,7 milhões de casas populares.
E gerar milhares de empregos. “Para cada três a seis mil metros cúbicos de entulho reciclado, temos aproximadamente sete empregos diretos. Se o material descartado fosse aproveitado de forma correta, haveria muito mais postos de trabalho”, estima Levi Torres, coordenador da Abrecon. Baseado no volume de resíduo anual, cerca de 150 mil postos de trabalho seriam gerados pelo mercado de beneficiamento de resíduos de construção civil, de acordo com Torres.
Depois de beneficiado, o entulho produzido nas construções civis se transforma em um agregado de materiais que pode ser usado em pavimentação de ruas, sarjetas e fundações de obras. Para Torres, o poder público tem papel fundamental no desenvolvimento do mercado de reciclagem de resíduos de construção civil. “Além de consumir mais agregados de reciclagem em vias e obras públicas, as leis e a fiscalização têm que ser mais rigorosas em relação ao processo de geração e descarte de resíduo.”
Uma das iniciativas públicas existentes é a criação de uma gestão integrada de resíduos no estado de São Paulo, o Sigor (Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos). O sistema é feito em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e permite aos municípios que aderirem ao programa monitorar a gestão dos resíduos de construção civil pelas empresas responsáveis, desde a geração até a destinação final, incluindo o transporte.
Lançado em 2015, o Sigor está sendo testado em São José do Rio Preto, Sorocaba e Catanduva, segundo João Luiz Potenza, responsável pelo Sigor e gerente de políticas públicas de resíduos sólidos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Santos, Ribeirão Preto e Santo André também participam do sistema, porém em estágio inicial.
“Quando o SIGOR estiver funcionando plenamente, vai dar mais racionalidade à atividade econômica. Os dados podem servir para mapear os resíduos e destinar os recursos do estado ou de empresas para explorar o potencial econômico”, afirma Potenza. “Onde se descarta gesso, por exemplo, as empresas podem montar usinas de beneficiamento. Com o sistema, consigo indicar áreas onde há mais materiais para reciclagem”, acrescenta.
No setor privado, a política de eliminar o desperdício está sendo bem sucedida em algumas construtoras. Em Goiânia, a Pontal Engenharia modificou processos e diminuiu drasticamente a geração de resíduos. Em quatro obras, a Pontal economizou 1,2 milhão de reais com o reaproveitamento de resíduos.
“Nossa média de resíduos por obra é de 45 quilos por metro cúbico. Isso representa a metade do padrão adotado por prédios sustentáveis”, compara Wesley de Andrade Galvão, engenheiro civil e gestor de obra e qualidade da Pontal Engenharia. Em 2015, a Pontal Engenharia recebeu o Prêmio Eco pelo projeto de produção limpa com resíduo zero.
A meta de resíduo zero nas obras da Pontal continua sendo perseguida, afirma Galvão. “Atingir o resíduo zero significa produzir até 11 quilos de entulho por obra. Para isso, trabalhamos continuamente na melhoria de processos.”
A mineira Precon Engenharia adotou um modelo de negócio que reduziu em 85% a produção de resíduos. Trabalhando com estruturas de concreto pré-fabricadas, elas são levadas ao canteiro de obras e montadas em forma de edifício. A meta é baixar a produção de entulho para 90%, segundo Marcelo Miranda, CEO da Precon.
O sucesso da iniciativa motivou a Precon a expandir o modelo pelo Brasil. “Projetamos um crescimento perto de 50% este ano, e estudamos parcerias para levar a solução a outras praças”, explica Miranda. Pelo sistema de construção sustentável, a Precon venceu o Prêmio ECO entre 2014 e 2012.
Para Lilian Sarrouf, coordenadora do Sinduscon-SP, o reaproveitamento de entulho é uma das formas de explorar o mercado de construções sustentáveis. “É um sistema de construção menos agressivo ao meio ambiente e que pode aproveitar materiais diversos, como tintas e plásticos”, comenta Lilian.
No futuro, a especialista avalia que a produção de materiais que emitem mais gases de efeito estufa na produção será mais cara, em função do aumento de impostos. “Atuar no segmento é uma forma de se capacitar para um mercado que vai exigir menos emissão de carbono nos processos de produção.”
por
Tiago Rafael
Tiago Rafael