Estudantes gaúchas criam o Poliway, um inovador asfalto ecológico
O Brasil tem muitos talentos, mas quase sempre eles são (re)conhecidos pela grande massa. Muitos jovens encaram a engenharia com seriedade e começam desde cedo a estudar meios de melhorar a vida de todos. O exemplo que temos para dar é o de duas estudantes gaúchas, Letícia Camargo Padilha, que é da cidade de Novo Hamburgo, e Samantha Karpe, natural de Ivoti, que criaram juntas o Poliway.
Quando elas cursavam ainda o Ensino Médio e juntamento o curso técnico de Mecânica, respectivamente com 18 e 17 anos, pensaram em entrar de cabeça num projeto científico. Esse projeto faria parte de um trabalho escolar pedido pela Fundação Liberato, tradicional escola de Novo Hamburgo e que é conhecida por incentivar seus alunos a desenvolver estudos nas áreas de tecnologia e inovação.
A partir desse trabalho de escola, as jovens desenvolveram um produto altamente inovador e sustentável, o Poliway. Elas dizem que a ideia permaneceu acesa até conseguirem realizá-la com bons resultados e patrocínio de laboratórios e empresas para terminarem as pesquisas.
“Com muito esforço, ouvindo muitos ‘nãos’, caminhando sob sol e chuva, visitando inúmeras empresas e laboratórios, dias e noites sem dormir, e muita pesquisa, obtivemos resultados satisfatórios e tiramos uma ideia mirabolante da nossa cabeça para a realidade”, conta Letícia.
O Poliway, dito como uma “ideia mirabolante” pela estudante, é um novo estilo de pavimento de ruas e estradas, que tem em sua composição um tipo de plástico reciclado que hoje, em sua maioria, é descartado indevidamente na natureza (poluindo terras férteis e oceanos).
Letícia explica a resistência deste material e as vantagens de trocá-lo pelo pavimento convencional: “O Poliway é cerca de cinco vezes mais resistentes que os pavimentos convencionais. Enquanto um asfalto normal se rompe, ao suportar mil quilos, o Poliway aguenta cerca de cinco mil quilos e se deforma três vezes menos. Além disso, nosso produto é, aproximadamente, 15% mais barato que o pavimento convencional e, em relação a material, cerca de 50%. Tudo isso com a vantagem de preservar o meio ambiente, trazer mais segurança, evitando acidentes e salvando vidas”.
Com este invento as amigas já colecionam prêmios em feiras que participaram pelo Brasil e mundo. “Inicialmente ganhamos uma credencial para participar de uma feira na Turquia. Em 2013, participamos da Feicit, da Mostratec e da DOESEF. Em 2014, fomos surpreendidas com o convite para participar de uma eliminatória para o quadro ‘Jovens inventores do Caldeirão do Huck’, na Rede Globo. Fomos selecionadas e ganhamos R$ 30 mil. Também em 2014, ganhamos o Prêmio Jovem Brasileiro na área Meio Ambiente, e o Prêmio Brasil Criativo, na área Arquitetura. Em 2015, fomos finalistas do BraskemLabs, um projeto de fomento a startups que utilizam o plástico para mudar a vida das pessoas”, diz orgulhosa Letícia.
As duas talentosas estudantes foram escolhidas também para carregar a Tocha Olímpica das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.
Comercialização do Poliway
Apesar de terem ganhado inúmeros prêmios, tornar o Poliway um produto mercadológico e de fácil uso nacional está ainda longe dos planos, pois elas não têm os recursos necessários para continuar as pesquisas.
Letícia cursa Engenharia Civil, e Samantha, Engenharia Mecânica, e ambas já trabalham na área de Engenharia, mas não com o produto que inventaram. Por isso, o dinheiro que ganham é usado para fins pessoais e não sobra para darem continuidade ao projeto, um sonho que elas têm em comum. “Nosso grande sonho é poder trabalhar com o nosso projeto, com a nossa ideia. Temos o estudo, o conhecimento e os resultados, mas falta o apoio para tornar tudo real”, comenta Letícia.
As jovens esperam o incentivo de empresas para levar o asfalto ecológico adiante, vamos torcer para dar certo o mais rápido possível!
Tiago Rafael